quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

CAPÍTULO 4 - JÚPITER, O AZUL


No capítulo 4 os integrantes da Agência começam a aparecer. São personagens antigos e constantes: Jubal, Celline, Lilly e Mattilda. Eles pilotam a Nave Z. 

Nota: as músicas que surgem no enredo podem funcionar como trilha sonora (os videos abrem em janelas separadas).

4
JÚPITER,   O  AZUL (e branco)
JÚPITER, CHESED (AMOR, GRANDEZA, MISERICÓRDIA)
A QUARTA ESTAÇÃO DA ÁRVORE DA VIDA EM REPRESENTAÇÃO DE AMANTIS.

nota: para ver como é Jubal, clique no link:
http://agenciazenith.blogspot.com.br/2012/12/jubal-agua.html  


    Jubal:  -E não se esqueçam, queridas, milagres acontecem. Não é só um modo de dizer. Aliás, eu mesmo sou produto de um deles.
        (expressão de incredulidade em rostos juvenis)
  Jubal:  - Verdade! O que justifica minha humildade. Eu apenas fui ajudado.

         (Voz vindo do fundo de um corredor)
     - Senhor Jubal! Senhor Jubal!
     J: - Perdão, queridas, é a produção, novamente.
     O rapaz da “produção”, alguém que ele nunca vira antes na vida, diz que ele está sendo chamado na sala C.
     - Diga à senhora C. que eu estou no meio de uma AULA.
      O rapaz da produção responde, nitidamente tenso:
   - Mas... mas... a senhora C. também mandou dizer que se o senhor não for até ela...  se o senhor não for imediatamente até ela, ela virá até o senhor.
     - O mundo está louco! O mundo está louco! Não se pode mais dar uma aula em paz. Ah, que saudades da velha China! Meu cachimbo, por favor...
      Uma das alunas traz o cachimbo do velho Jubal, um cachimbo enorme onde estava escrito “Pai João”, e ele dá lá suas baforadas “chinesas”, matando as saudades de uma velha encarnação, onde se vivia em paz, onde não se tinha toda essa pressa demente, essa necessidade de estar em outro lugar senão no aqui e no agora. Bem, isto foi há 2600 anos... e o velho Laozi já estava se queixando das mudanças na China. Essa coisa de “cidades”, que precisam de “Prefeitos”, que precisam de “vereadores”, que precisam de “fiscais” e assim por diante, abarrotando a tessitura da vida com papéis e nomes, burocratizando o Dao, burocratizando o próprio fluir da vida. Bom mesmo, dizia o velho Laozi, era cuidar das pequenas coisas, viver em sincronia com a natureza, fluir com a vida, sem preocupações, sem ilusões, sem demasiadas necessidades. Aí, sim, se tem paz interior e harmonia no vilarejo. Talvez uma aldeia, mas não essa coisa grande e complicada chamada “cidade”.
         O velho Jubal ri-se por dentro.
   - Queridas, o velho Laozi nunca se sujeitaria como eu a tanta coisa demente. Pularia fora, em nome da própria paz. Mas ele era um Santo, e eu sou apenas um Louco.
     Com o humor bem melhorado após três cachimbadas da “Erva dos Hobbits” (isto segundo ele) o senhor Jubal se levanta pra enfrentar a senhora C.
    Antes de sair, numa súbita inspiração, diz a suas atentas alunas:
- E lembrem-se, o Universo funciona por trocas justas. Procurem o Arcano VIII em Crowley Ilustrado. Aquela enciclopédia...Tchauzinho, tenho mesmo que ir.
- Tchau, professor Jubal! Volte sempre!
- Eu voltarei!
(beijinho no ar, quase fora da porta)

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Interior, dia.
     Estamos nos preparativos para a Festa do Universo, versão Z. , que terá seu auge na noite de 20 para 21 de dezembro de 2012. O cenário parece o “acampamento” de Contatos Imediatos, feito com pré-moldados e alguns containers, embora houvesse também muitas tendas e barracas. Lembraria, talvez, os preparativos para uma rave.
     O lugar ainda é secreto. Se diz apenas que será “na mata” e no Brasil.
Também se diz que a versão Z. é adaptável e portanto pode “florescer” em qualquer país.
     É realmente uma sorte que, dentro deste intenso e secreto movimento, exista um repórter para registrar zero vírgula zero zero zero um por cento do que acontece por aqui. Este repórter sou eu, HPe’, aquele que se porta como um fantasma, uma sombra, um quadro na parede, sem nada interferir, sem nada atrapalhar. Apenas está ali tal como estivera o escriba egípcio e nada mais. Andam dizendo que o escriba egípcio faz muitas gracinhas, exubera-se mais do que seria esperado, mas o escriba tem em sua defesa o fato inconteste de que evoluiu um pouquinho nesses quatro mil e quatrocentos anos.
     Jubal chega na sala C. exibindo, de primeira, no entre cenho, uma expressão de mau humor.
     J: – O que foi agora? Eu estava em plena aula.
    Diante dele está uma menina usando um baby-doll amarelo, destes que descem mais um pouquinho, cobrindo as pernas até o joelho. Era Celline. 
para ver Celline clique no link:
     
      C: - Amo sua loucura, querido. Quixote é fichinha perto de você, mas estamos recebendo DEMASIADOS e-mails e postagens querendo saber onde está a Nave Z. onde está a tal festa e o c_______.
      J: - Hmm. Vejo que você instalou um blip automático.
   C: - Isto mesmo. Posso até falar palavrões desta vez. Estou NO CÉU.  Mas, então, querido. Revelamos ou não a localização da Festa?
   Jubal: - Pra começar, quem inventou essa história de “localização” para a Festa? Sinceramente, de onde veio isso?
  Celline: - Querido, toda festa tem uma localização.
    Jubal: Ora, mas esta é com certeza uma exceção à regra. O Universo é muito grande para se escolher um lugar. O melhor é que seja por toda a parte.
     C.: Entendo, amor.  Mas você está vendo a questão por um ponto de vista mais  filosófico, e eu estou vendo por um ponto de vista mais prático. Entenda o seguinte: uma festa abstrata, perfeita, assim como você está querendo não terá de modo algum o APELO e a VIDA de uma festa REAL, mesmo que imperfeita. (isto foi um jogo de três elementos passado em código para o ponto)
Jubal apenas responde: - Você é louca.
     Celline: Como?
   Jubal: - A festa do ano passado esteve simplesmente perfeita. Simplesmente perfeita.
     C: - Não era esta sua opinião dois dias depois.
    J: - Tudo bem! Não foi perfeita, mas eu não acredito que consigamos superar AQUILO. Festa é muito difícil de fazer. Muito difícil.
   C: - Eu sei, querido. Mas eu não quero uma festa complicada. Eu quero uma simples FESTA.
     J: - E você quer realmente revelar o endereço?
   C: - Não totalmente. Isso a gente não pode fazer. Haverá uma quantidade ENORME de E.T.s e outras criaturas do Universo, nada que a raça humana em geral esteja preparada para ver no momento. Ainda mais dando uma Festa.
  Jubal dá uma espécie de soluço. Um soluço teatral no qual havia, inequivocamente, um riso. Um pequeno riso dissimulao num soluço:
    J. - E você espera mesmo atrair uma quantidade ENORME de “E.T.s e outras Criaturas do Universo” aqui, para o meio do mato, para o meio do nada?
   C.(toda amor): - Então, é isso o que eu tenho que te dizer, meu bom Jubal: nós vamos precisar de uma ajuda para fazer esta milagre. Nós vamos precisar de uma boa ajuda.
     J – Mais ajuda do que estamos tendo? Você deve estar maluca.
   C: - Não, querido, não estou falando desse tipo de ajuda. Eu estou falando da ajuda de pessoas.
    J – De pessoas?
    C: - Isto mesmo. De pessoas. Nós vamos ter de pedir ajuda a pessoas.
    J: - A troco de quê? Pessoas só fazem as coisas a troco de algo, você sabe muito bem.
   C: - Ora, mas nós temos TANTO a dar em troca. Um Tesouro por toda a vida, é isto o que temos a dar. Você acha pouco?
    J: - Para as pessoas “um tesouro pra toda a vida” não quer dizer absolutamente nada. Já um “salário” quer dizer alguma coisa. Entende o que eu quero dizer?
    C: - Nós temos o argumento de que tudo isto é para a Terra.
    J: - Então abra uma O.N.G. ou como quer que se chame, e cuide você mesma da burocracia. Virá dinheiro a rodo.
    C: - Não temos tempo para isso e você sabe disso.
   J: - Então, querida, relaxe e goze, porque o Universo está em Festa, o tempo “acabou”. Veja! AINDA HÁ TEMPO de relaxar e gozar, o que eu acho que seria o propósito disso tudo. Ou estou errado? Pan está comigo nessa, o negócio é gozar. Dê sua festa por você mesma, e os aliens que quiserem que apareçam. Uma simples festa, como você disse. O que importa, querida, o que importa mesmo, é que Coris esteja assistindo. O que importe é esse canal que nós criamos. Para eles, tudo o que é feito aqui na Terra é exótico, extasiante. Nós vamos pôr uma Índia nua na mata, não vamos?
     C: - Vamos, com certeza.
     J: - Então. Isto é tudo o que Coris precisa ver.  Vamos dar nossa Festa do jeito que o Universo quiser, pois a Festa é dele, afinal. Não vamos pedir ajuda às pessoas. O verdadeiro milagre, querida, seria mesmo as pessoas "ajudarem". Mas não a nós., e sim  á Raça, à Terra,  Nós não queremos o dinheiro algum senão o do Céu (nota: "do Céu", dado desinteressadamente) e o nosso, ganho com nosso trabalho.
     Parecia um ponto final.  
    Jubal: - E mais uma coisa. Nós seremos pessoas com as pessoas também. Nada de dar as coisas de graça. Apenas TROCAS JUSTAS.
     Celline: - Isto eu não posso prometer. ADORO dar presentes.
    Jubal, depois de um suspiro, olhando para o alto:
   - Já imaginava. Mas fica sendo uma regra. Crie você as exceções que quiser, de acordo com o tempo, o lugar e a pessoa.
     Celline: Adoro suas “regras”, querido. E entendi tudo o que você  falou. Agora vamos, me ajude a ficar pelada.  
     Jubal, meio sussurrado: - Querida, você sabe...
     C: - Sei o quê?
      J: - Coris. Coris está assistindo.
    C: - Mas é claro que sei, seu bobo. E você ficou aí falando e falando e falando. Agora me ajude a ficar pelada, o pessoal merece uma recompensa. Vamos!
     
     (devo dizer que o pessoal de Coris se deleitou com a Aulinha de Amor da Celline, que, à falta de qualquer imagem, rogamos ajuda do Desenhista Celeste Sérgio Macedo, que representaria, quem sabe, Celline e Jubal no Plano Astral numa HQ intergalática dos anos 70)


Sérgio Macedo - quadrinho de Telechamp, graphic novel de 1978

    
    
    Depois do Amor, o remanso, música suave, vinho... tudo preparado por ela. Eu permaneci pudicamente olhando para um ponto fixo, o "centro" da cena, apreciando a Fenda e a Fera, sem medo de ser feliz. Mas talvez um certo brilho no olhar tenha me traído, uma vez que subitamente ouvi a pergunta:)
    Jubal: - Que estátua é esta? Nunca a tinha visto.
    C: - Ah. Essa eu ganhei.
    J: - Ganhou?
    C: - Sim. Veio pelo correio. Presente de um “fã”.
    J: - Hmmm... realista, não?
    C: - Bastante. É um escriba egípcio.
    J.:- Tem certeza? Não é um faquir?
   C. - Nem todos são gordos e saudáveis como você, amor. Os escribas egípcios davam um duro danado.
    J.:- Isto eu sei. Mas isso aí, isso aí...
   - Este é um escriba magrinho, está vendo? Um escriba magrinho. Achei uma gracinha.
    - Ele me lembra o Wally. Aquele do “Onde está Wally?”
  - Hmmm. Sei do que você está falando. Mas meu faquir, quero dizer, meu escriba não tem nada a ver com o Wally.
    - Ora, como não? A onda do Wally surgiu e desapareceu nos anos 90. “Onde está Wally?”, não era este o nome do livro?
     - DOS livros.
    -  Ora, o Wally sumiu. E agora, quase duas décadas depois o Wally reaparece na sua estante. E, pelo que vejo, mudou de profissão.
    C. (franzindo o cenho, parecendo na dúvida) - Não sei se você simpatizou ou não com minha estatueta, mas fique sabendo que ela fica aí. Vamos, temos um milhão de coisas pra resolver.
    - Está bem. A estátua fica. Mas vamos comprar um Buda bem gordo pra compensar.
    - Ai, um Buda! Bem pensado, querido. Você é um gênio, um gênio! A estante C. está ficando fenomenal!
    Ao som de uma bossa nova o casal segue de braços dados dentro de um dos corredores do complexo Z., trocando beijinhos e carinhos “...sem ter fim, que é pra acabar com esse negócio de você viver sem MIM”. Sim, alguma bossa nova na Festa do Universo. E Tim Maia.
Termina HPe’, a estatueta na estante.


(neste meio tempo ouvi rumores sobre "O MISTERIOSO LIVRO DE JUBAL". Não faço ideia do que seja.  Hpe')


26 de outubro de 2012, sexta-feira, 21:27’

Lua Crescente

     Depois de resolver uma infinidade de assuntos burocráticos junto com Celline, Lilly e Matilda, Jubal se despede de todos e ruma em direção a seu abrigo, a discreta sala J.   
    Era na verdade um container pintado de azul, à prova de som (teoricamente), com um exaustor para a fumaça de seu cachimbo e uma clareira cortada no aço (o modo como chamava a janela), a Sala J. era sua chance de retiro.
     Naquele momento, onde o azul parecia confirmar a teoria da tristeza (da qual ele duvidava filosoficamente) tudo o que ele queria, além da companhia de seu cachimbo, era “Enya”.
     Faz no computador uma seleção de faixas da Enya (mais ou menos ao acaso) e põe pra tocar em modo aleatório.
     A “escolhida” para abrir a noite, sua noite particular (particularmente azul) foi “The Spirit of Christmas Past”, uma canção completamente Água, completamente Blue.
The Spirit of Christmas Past
“Quando há lágrimas em seus olhos,
é hora de olhar para dentro,
seu coração pode encontrar
outra saída.
Acredite no que eles dizem,
Não desperdice este momento,
Amanhã
será dia de Natal

     Tudo isto cantava a canção, e isto comoveu, quase dilacerou Don Jubal.
     Ele pegou de sua pena e escreveu:

O Zênite,
Lá!
Onde não há tempo nem espaço
Onde não há turbulência
Como há aqui embaixo.

     Seria este um trecho do “misterioso livro de Jubal”?
     Isto não podemos afirmar, amigos, estamos mais atentos ao estado de espírito do velho homem. Não é sempre que se presencia um C.E.O. em sua “Cabine”. O que podemos constatar é que ele, claramente, não está muito satisfeito. Não neste momento. Seu computador escolheu uma canção realmente tristonha de Enya, o que quase resultou num dilúvio emocional por parte do pequeno velho que há 61 anos intriga a humanidade (sua primeira “aparição” foi em 1961, nos Estados Unidos.)
     Logo a seguir seu computador escolheu How can I keep from Singing para “ilustrar” o momento de insatisfação (ou dor, no sentido em que falava Buddha) de Don Jubal.
     Nesta canção, ela diz:
     Como posso evitar cantar?
     Jubal ouve a música em completo silêncio, sozinho com seu cachimbo, sozinho com “Pai João”.

I MAY NOT AWAKEN
(que Jubal chamava de “A Canção de Lola”, referência a obra de um antigo conhecido seu)

     Por esta altura o velho Jubal já estava verdadeiramente inspirado, deliciado com “A Canção de Lola”

“Mesmo para minha Criança,
um desejo não é o bastante,
mesmo para minha Criança,
um sonho não é o bastante”

      - Não, não é; minha cara Imperatriz.
        É preciso Vontade. É preciso Vontade, além de Amor.
     - É preciso querer cantar - ele continua, imagino que esteja dialogando com a “Imperatriz”, uma espécie de Enya imaginária que ele manifesta à presença (naturalmente invisível) nesta Sala, isto é, dentro dele, por meio de seu Amor por Ela.
  -Sim, querida, hi hi hi... você tem razão... Cantar é inevitável. Sempre foi inevitável. A Vontade também é o inevitável...  que a gente evita, e aí aprende da maneira mais dura. O que fortalece a Vontade.
     Hi, hi, hi... Genial. Você é genial...
     (Não sabemos exatamente para quem foi dita esta última frase, se para “Enya-Imperatriz”, se para Vênus (Mamãe Natureza), ou se para Maat, a Deusa do Ajustamento Universal, uma Rainha à sua maneira, pois rege os deuses e as coisas por meio de suas “leis” – que são as leis naturais.
     Ele se levanta, bem mais animado. Senta-se numa curiosa posição numa cadeira alta, em sua mesa de trabalho. Ele pega um maço de cartas grandes (tirados de uma embalagem branca e vermelha) e deste maço pinça duas cartas.
    Volta ao computador e reprograma o media player, colocando novas canções para ilustrar aquela noite alquímica.
    Agora, apenas estar sozinho com seu “amor” – se entendi bem seu próprio amor, longe do barulho do mundo – já  era um convite à alegria. Com certeza ele já se transformara um pouquinho.
    A primeira a tocar da nova programação é I’ll find my way home, de Jon and Vangelis, uma canção bem mais alegre que as escolhidas da Enya. Uma coisa mais positiva. Eu diria, com um pouquinho mais de Vontade naquele Amor todo dolorido da Enya.
     Jubal diz, em voz alta:
   - Aí, minhas queridas, uma boa combinação:  Amor de Enya, Vontade do Jon.  Yod e He!
     Ele acompanha a música com voz grave:

     Mas se meu Espírito for forte, ,,, ,,, ,,,
     ... ... eu não estou sozinho,
    de algum modo eu encontrarei meu caminho para casa,
    de algum modo eu encontrarei meu caminho para Casa.”

    - Cantar é algo que se faz na prática, minhas queridas, não importa se bem ou se mal.
   Agora era fácil saber com quem ele conversava; diante dele estavam as duas cartas do Tarot, o Arcano III, a Imperatriz, e o Arcano VIII, Ajustamento.

    


   
        As cartas eram do famoso Livro de Thoth, o Tarot de Aleiter Crowley (concepção) e Lady Frieda Harris (arte).
   A carta da Imperatriz trazia referências à deusa grega Vênus. A carta do Ajustamento (tradicionalmente chamada de Justiça) trazia referências à rigorosa deusa egípcia Maat.
   Jubal dá uma espécie de soluço (desta vez sem riso oculto):
  - Vênus, Amor... – ele diz, e continua – Maat, Vontade...
    (novamente o binômio Amor-Vontade – ou Agape e Thelema “aparecia” na sua Noite Alquímica. E não só isto, na caixa de som tocava Planeta Vênus de Pepeu Gomes, o que era mais uma coincidência)
    Ele se levanta da cadeira e diz, olhando para as duas cartas:
    - Confesso que estou impressionado!
    De pé, com os braços cruzados ele observa as cartas, uma do lado da outra.
     Subitamente, sem qualquer pré-aviso, um pensamento atravessa seu cérebro; “Al Maat! Al Maat está me chamando.”
    Por algum mecanismo ele depreendeu que ele seria Vênus, Amor, e Al Maat seria Maat, Vontade.
    Ele se senta novamente na mesa, em sua posição (posição do diamante), e mergulha num estado meditativo. Pega um controle remoto e aponta-o para o comutador próximo à porta. A luz do ambiente cai para uns 10 watz, uma penumbra, quase escuridão. Diante dele, bem diante dele, uma imagem luminosa aparece, o interior de uma casa bastante simples. Jubal mantém os olhos fechados.
   Na imagem vemos um velho mais alto e bem mais magro do que ele. Ele não parece de bom humor. Reclama com alguém enquanto se aproxima de um forno de microondas. Ele resmunga:
    - Eu já  te falei UM MILHÃO DE VEZES, senhor Halfeld, que eu gosto do meu café QUENTE!
   O tal senhor Halfeld (que não aparecia na imagem) nada diz.
 - Eu sei, eu sei – o senhor continua – vou mandar pôr o forno na sala amanhã, BEM AO LADO do computador.
   Logo após dizer isto o senhor desabou no chão da cozinha.
   Nem o senhor Halfeld nem qualquer outra pessoa apareceu para socorrê-lo.
   Jubal dá um pulo na cadeira e a projeção desaparece instantaneamente. Nitidamente zonzo ele pega o controle remoto e traz a luz ao normal.
   - “Halfeld”? – ele diz, para sim mesmo – o homem está completamente biruta!
   Jubal se levanta lentamente e toma um copo inteiro de água, o que parece reanimá-lo.
   Pega o celular e liga para Celline.
   - Querida, Al Maat. Al Maat está em grave perigo, em grave perigo, se é que ainda está vivo. Acabo de ver isso.
    

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